Como financiar sua construção em Steel Frame: guia completo para 2026

O Steel Frame já pode ser financiado pela Caixa com as mesmas condições da alvenaria tradicional. Desde a publicação da NBR 16970 em maio de 2022, o sistema construtivo deixou de ser classificado como 'inovador' e passou a ser considerado convencional, derrubando a principal barreira que limitava o acesso ao crédito imobiliário. Hoje, é possível financiar até 80% da obra em até 30 anos, utilizar o FGTS normalmente e escolher entre diversas instituições financeiras. Esta mudança regulatória representa um marco para o mercado brasileiro. Com crescimento de 60% nos últimos anos segundo a ABCEM, o Steel Frame finalmente ganha as condições necessárias para competir de igual para igual com a construção tradicional no quesito financiamento.

Até pouco tempo atrás, financiar uma construção em Steel Frame exigia um verdadeiro périplo burocrático. Por ser considerado sistema inovador, os bancos demandavam documentação complexa, incluindo o DATec (Documento de Avaliação Técnica) emitido pelo SINAT, dossiês técnicos extensos e aprovações especiais que podiam levar meses. A virada aconteceu com a publicação da NBR 16970 pela ABNT em maio de 2022. Esta norma técnica estabeleceu requisitos claros para projeto e execução do Light Steel Frame, permitindo que a Caixa Econômica Federal e outros bancos reclassificassem o sistema. O resultado prático é que hoje uma casa em Steel Frame segue o mesmo fluxo de aprovação de financiamento que uma construção em alvenaria convencional. **Curiosidade**: A primeira casa em Steel Frame no Brasil foi construída em 1998. Foram necessários 24 anos para que o sistema conquistasse plena aceitação regulatória no país, enquanto nos Estados Unidos ele já representa 75% das construções residenciais.

O mercado brasileiro oferece múltiplas alternativas para financiar sua construção em Steel Frame. Cada opção tem suas particularidades, vantagens e perfil ideal de tomador. Entender as diferenças é fundamental para tomar a decisão mais adequada ao seu orçamento e cronograma.

A Caixa permanece como líder absoluta do crédito imobiliário brasileiro, respondendo por 68% dos financiamentos habitacionais. Para construção em Steel Frame, as condições são idênticas às oferecidas para alvenaria. As taxas de juros em janeiro de 2025 partem de 10,99% a 11,5% ao ano na linha SBPE com TR. É importante notar que houve elevação de 1 a 2 pontos percentuais em relação a 2024, reflexo da alta da Selic. Para financiamentos com recursos do FGTS, incluindo o programa Minha Casa Minha Vida, as taxas podem partir de 4% ao ano para cotistas. O projeto deve passar pela apreciação da Gerência de Desenvolvimento Urbano (GIDUR) da Caixa, e a obra será acompanhada por engenheiro terceirizado que vistoria o cronograma físico-financeiro.

Além da Caixa, as principais instituições financeiras privadas já operam com Steel Frame. A competição entre bancos pode ser aproveitada a favor do tomador. Enquanto a Caixa elevou suas taxas recentemente, alguns bancos privados mantiveram condições mais atrativas temporariamente, tornando a pesquisa de mercado essencial antes de fechar contrato. O Itaú oferece taxas mínimas em torno de 10,9% ao ano com atendimento personalizado. O Bradesco trabalha com taxas similares, podendo exigir empresas homologadas. O Santander apresenta linhas específicas com taxas competitivas de 10,8% a 11% ao ano. O Banco do Brasil tem participação menor no SBPE (4,5%), mas oferece linhas variáveis. Para a região Sul, o BRDE disponibiliza linhas regionais. Para incorporadoras e projetos maiores, o BNDES oferece condições negociáveis.

Os consórcios imobiliários representam opção interessante para quem pode planejar a construção com antecedência. A carta de crédito pode ser utilizada para construção em Steel Frame sem restrições, seja em terreno próprio ou para compra do terreno junto com a obra. As vantagens incluem ausência de juros (apenas taxa de administração de 12% a 15% ao longo do plano), parcelas acessíveis para planejamento de longo prazo, possibilidade de contemplação por lance a partir de 120 dias, e flexibilidade para uso em materiais e serviços. O mercado de consórcios registrou recorde em 2024, com 4,49 milhões de cotas vendidas e R$ 378,73 bilhões em negócios realizados. Administradoras como Porto Seguro, Rodobens, Itaú e Bradesco Consórcios são referências no segmento imobiliário.

O próprio ecossistema do Steel Frame desenvolveu soluções financeiras dedicadas. A SteelBank, do Grupo SteelCorp liderado por Roberto Justus, oferece financiamento para clientes e fornecedores do sistema construtivo. Já a Smart Crédito, da Espaço Smart, financia projetos e materiais em até 60 vezes, com valores entre R$ 30 mil e R$ 100 mil sem necessidade de garantia. Para projetos sustentáveis ou inovadores de maior porte, o BNDES disponibiliza linhas de crédito para incorporadoras. Algumas prefeituras também oferecem incentivos como descontos no IPTU e redução de taxas de licenciamento para construções sustentáveis, categoria na qual o Steel Frame se enquadra.

A pergunta mais frequente de quem considera o Steel Frame é sobre custos. A resposta exige análise mais profunda que simplesmente comparar preço por metro quadrado. A decisão financeira inteligente considera custo total, prazo, desperdício e retorno de longo prazo.

O Índice Arquitecasa Steel Frame, referência do setor, traz os custos por m² em janeiro de 2025 por região e padrão de acabamento. Em comparação, o SINAPI indica custo médio nacional de R$ 1.872/m² para alvenaria convencional. O Steel Frame apresenta custo inicial 30% a 60% superior quando analisamos apenas o orçamento de materiais e execução.

Entretanto, a comparação direta é enganosa. O Steel Frame oferece economias significativas em componentes específicos. **Fundação**: representa apenas 5% a 7% do orçamento total em Steel Frame, contra 10% a 15% em alvenaria. A economia pode chegar a 75% neste item, já que a estrutura é muito mais leve e geralmente utiliza fundação tipo radier simples. **Desperdício**: enquanto obras em alvenaria desperdiçam 10% a 30% dos materiais, o Steel Frame opera com desperdício próximo a zero devido à fabricação industrializada e projeto milimétrico. **Mão de obra**: o menor tempo de execução e a produtividade superior geram economia. Em caso documentado de residência de 160m² em Pato Branco/PR, a economia em mão de obra foi de 50% em relação ao orçamento equivalente em alvenaria. **Previsibilidade**: talvez a vantagem mais subestimada. Obras em Steel Frame têm variação de custo em torno de 5% do orçamento inicial, enquanto construções convencionais frequentemente apresentam surpresas que elevam significativamente o custo final.

O Steel Frame é 40% a 60% mais rápido que a construção tradicional. Uma casa de 100m² pode ficar pronta em 3 a 4 meses, contra 6 a 10 meses em alvenaria. Esta velocidade gera economia concreta: menos meses pagando juros de financiamento durante a obra, economia de 6 a 12 meses de aluguel enquanto espera a casa ficar pronta, e para projetos comerciais, antecipação do faturamento.

A economia energética é mensurável. O isolamento termoacústico superior do Steel Frame mantém temperaturas internas estáveis: em residência monitorada em Pato Branco/PR, o interior registrou 15°C com exterior de 3-8°C no inverno e 22-23°C com exterior de 35°C no verão, reduzindo drasticamente o uso de ar-condicionado e aquecedores. A durabilidade estimada de 90 a 300 anos (conforme IPT e fabricantes) e a manutenção reduzida — sem rachaduras típicas, infiltrações ou necessidade de quebra-quebra para reparos hidráulicos — completam a equação de retorno sobre investimento.

O processo de financiamento exige organização documental rigorosa. A preparação antecipada acelera a aprovação e evita retrabalho.

Para todos os tipos de financiamento, você precisará de: RG e CPF, comprovante de renda dos últimos 3 meses, comprovante de residência atual, declaração de Imposto de Renda completa, certidão de casamento se aplicável, e extrato do FGTS caso pretenda utilizar o saldo.

Para projetos em Steel Frame, o memorial descritivo deve especificar claramente que a construção seguirá a NBR 16970. Os perfis de aço devem atender à NBR 15253, com resistência ao escoamento mínima de 230 MPa e revestimento zincado de no mínimo 275 g/m². **DATec ainda é necessário?** Após a NBR 16970, o DATec deixou de ser obrigatório para aprovação de financiamento. Porém, construir com materiais de empresas que possuem DATec aprovado (como LP Brasil e Plasbil/Saint-Gobain) pode acelerar a aprovação junto à Caixa e oferece garantia adicional de qualidade.

**NBR 16970** (maio/2022) — A norma-mãe do Steel Frame no Brasil, dividida em três partes: Parte 1 (Requisitos de desempenho), Parte 2 (Projeto estrutural), e Parte 3 (Interface entre sistemas). Aplica-se a edificações de até 2 pavimentos para uso residencial e não residencial. A Diretriz SINAT nº 003 permite até 5 pavimentos para edifícios multifamiliares. **NBR 15253** — Especifica os perfis de aço formados a frio: espessura mínima de 0,80mm para montantes estruturais, revestimento galvanizado Z275 e dimensões padronizadas. **PBQP-H (SiAC)**: Programa obrigatório para participar do Minha Casa Minha Vida e exigido pela CEF para financiamento construtivo. Níveis A (100% dos requisitos) e B (70%) são conferidos após auditoria. **Profissionais habilitados**: Engenheiros civis (CREA) emitem ART; arquitetos (CAU) emitem RRT. Ambos podem projetar e executar obras em Steel Frame. **Registro do imóvel**: O processo segue o fluxo padrão com alvará de construção, Habite-se (CVCO) após conclusão, e averbação no Cartório de Registro de Imóveis.

O caminho do projeto à obra finalizada segue seis etapas bem definidas. Conhecer cada fase permite planejar prazos e organizar documentação com antecedência.

**1. Escolher empresa sem certificação**: Opte por construtoras com PBQP-H ou que utilizem materiais com DATec. Empresas improvisadas podem comprometer aprovação do financiamento e qualidade da obra. **2. Subestimar o projeto executivo**: O Steel Frame exige projeto completo antes do início da obra. Economizar nesta etapa gera retrabalho, desperdício e atraso — exatamente o oposto das vantagens do sistema. **3. Comparar apenas preço por m²**: Analise custo total incluindo fundação, prazo, desperdício e manutenção. O orçamento inicial mais baixo da alvenaria pode se revelar mais caro no fim. **4. Ignorar o cronograma físico-financeiro**: Este documento é contratual. Atrasos nas etapas atrasam liberações do banco e podem gerar custos adicionais. **5. Não verificar disponibilidade de mão de obra na região**: A escassez de profissionais qualificados é o principal desafio do setor. Confirme antecipadamente a disponibilidade de equipes na sua cidade.

O Steel Frame vive momento de consolidação acelerada no Brasil. O Grupo SteelCorp projeta faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2025, com backlog de R$ 3,1 bilhões. A Espaço Smart prevê R$ 700 milhões no mesmo período e opera a maior indústria de steel framing da América Latina, com capacidade de 40 mil toneladas anuais. O Grupo Innova Steel cresceu 117% entre agosto de 2023 e agosto de 2024. A produção de perfis galvanizados cresceu 27,7% em 2023 e projeta expansão de 7,2% em 2024, segundo o CBCA. Iniciativas de capacitação como a SteelAcademy (meta de 4.000 alunos no primeiro ano) e os 10 centros de treinamento da Espaço Smart atacam o gargalo de mão de obra especializada. Para pessoas físicas, a tendência de casas populares em Steel Frame ganha tração para 2025, ampliando o acesso a um sistema antes restrito ao alto padrão. Para construtores e engenheiros, dominar esta tecnologia representa diferencial competitivo em mercado que, apesar de representar menos de 1% da construção civil brasileira, cresce a taxas de dois dígitos ao ano.

A equação mudou definitivamente a favor do Steel Frame. Com financiamento bancário equiparado à alvenaria, normatização técnica consolidada e ecossistema de fornecedores em expansão, as barreiras históricas foram removidas. O que resta é avaliar se as vantagens do sistema — velocidade, previsibilidade, durabilidade e sustentabilidade — atendem aos objetivos do seu projeto. Para quem busca construir ainda em 2025, o conselho é iniciar o processo de projeto e simulação de financiamento imediatamente. O cenário de taxas de juros elevadas tende a pressionar custos do crédito, mas o menor prazo de obra do Steel Frame mitiga parcialmente este impacto. A combinação de recursos próprios para entrada com financiamento complementar permanece a estratégia mais eficiente para a maioria dos perfis de renda. O Steel Frame deixou de ser aposta futurista para se tornar realidade viável. Cabe a construtores, engenheiros e futuros proprietários aproveitarem esta janela de oportunidade.